Cesar Augusto Cielo Filho (mais ítalo-romano, difícil) é o cara. Fiquei pensando no que escrever sobre nosso maior destaque da natação, um dos maiores do esporte brasileiro (temos o futebol). Tudo já foi dito, falado, comentado, especulado sobre Cielo.
Pois bem, resolvi contar apenas pequenos dois episódios. Um é numa competição em Santos, antes da seleção ir para Atenas (minha memória nem os arquivos de resultados da CBDA me deixam lembrar ao certo). Nela, o comentário de Gustavo Borges quanto ao futuro de Cielo já estava claro. O comentário de Gustavo foi mais ou menos neste tom: “O linguição ali fica me dando p* no treino“. O apelido não pegou, mas a gana de vencer já vinha desde os treinos com o maior ídolo da época. Saindo da pequena Santa Bárbara D´Oeste (SP), Cielo sabia o que queria, e foi procurar o maior e melhor grupo de velocistas do mundo na Universidade de Auburn.
O resto já é história: tornou-se multi-campeão da campeonato universitário americano, que culminou com sua vitória olímpica nos 50m livre em Pequim 2008.
Mas antes deste ouro inédito vem o outro episódio. Como amante do esporte, ficava enganando o sono para assistir às finais no horário cruel que o fuso horário chinês nos impunha. Final dos 100m livre. Prova que já deu ao mundo um Tarzan (Johnny Weissmuller), o maior vencedor de uma olímpiada (Mark Spitz, até Phelps…), outro que quase igualou Spitz (Matt Biondi) e um russo que igualou o feito de ser bi-campeão olímpico nesta prova (Alexander Popov). Pois bem, nosso Cielo conseguiu entrar na grande final em 8o., vendo seus futuros oponentes nos 50m livre (sua especialidade) baterem recorde atrás de recorde. Não é que ele saiu com o bronze? Já estava emocionado com este resultado, mas fiquei ainda mais com a declaração, natural, do choroso medalhista dizendo que iria atrás do ouro nos 50m.
Cabe, neste momento, explicar qual era o cenário. O ano de 2008 foi pródigo em recordes mundiais. Quem bateu? A brincadeira da época era falar o nome do maiô, e não dos nadadores… Nada menos que 108 recordes foram quebrados ao longo daquele ano! Seus maiores adversários (Eamon Sullivan e Fred Bousquet) haviam abaixado 4 vezes a prova mais rápida da natação mundial – e estavam em Pequim. E não é que o brasileiro foi lá e saiu com a dourada? Demais, não?
Muita coisa se passou desde então: vitórias e recordes mundiais, mudança para o Brasil para treinar direto com Alberto Silva, Pro16, patrocínios, doping, maiô rasgado, fofocas, volta por cima e agora: Guadalajara 2011!
Bem, nada mais a declarar, o cara é… o cara.
Este texto foi originalmente publicado no site do iG (colunistas.ig.com.br/rogerioromero