Os Jogos Olímpicos de Atlanta foram, de longe, a pior edição que participei. E não foi (apenas) por conta do meu fraco resultado, nem por ver o italiano Emanuele Merisi ficar com o bronze em uma fraca final dos 200m costas, mas também pelo espírito exacerbado de capitalismo puro que foi dado. Começando pela força da Coca Cola em retirar a simbólica olimpíada centenária de Atenas, até ao pouco caso do legado esportivo para a cidade (a piscina virou estacionamento).
Para piorar esta situação toda, lembrei, logo após este atentado em Boston, a bomba no Parque Centenário. Estava em minha primeira e última noite fora da Vila Olímpica (os 200m costas geralmente é disputado no último dia do programa da natação…), quando houve um rebuliço e logo fomos avisados para retornar para a Vila. Apenas no outro dia as informações começaram a chegar com mais clareza e, com isso, uma apreensão geral. No fundo, eu não acreditava que poderia haver mais problemas, mas a segurança falava mais alto.
Ao contrário do rápido desfecho em Boston (ou ao menos muito próximo, ao que tudo indica), Atlanta apresentou primeiro um bode expiatório: Richard Jewell. O coitado foi de condenado a herói (foi um dos primeiros a notar a bomba e começar a evacuar o espaço).
Em 1998, anunciaram o verdadeiro culpado, Eric Robert Rudolph, chegou a ser um dos 10 fugitivos mais procurados nos EUA, com uma recompensa de um milhão de dólares, sendo capturado apenas em 2003.
Mas Atlanta também trouxe a experiência única de presenciar amigos ganhando medalhas. Gustavo e Xuxa (e quase o revezamento 4x100m livre), nos deram a alegria de três medalhas. Mas isso é outra história…