No dia 22 de setembro de 1988 eu estava caindo na piscina olímpica de Seul para minha primeira prova em Jogos Olímpicos. Mas minha memória vai muito além daquele 200m costas.
Desde o índice olímpico nos 100m costas no início do ano, feito no clube que treinava, o extinto Clube do Golfinho, passando pelo Sul-americano na altitude de Medellin com o índice nos 200m, e diversos testes com Dr Mazza.
Mais, toda a seleção de natação se preparando junta. Uma radical dieta, com a tentativa – frustrada – de tentar impor o consumo mínimo de açúcar. A viagem, a vila, a abertura.
Enfim, tenho mais detalhes desta preparação do que qualquer outra. Mas porque? Pois, meu debut olímpico.
Recordo praticamente todas as provas, afinal acompanhei a grande maioria como fã do esporte que ainda sou. Não consegui ver todas apenas por estar como atleta…
Acompanhar Salnikov vencer os 1.500m livre e depois ser aplaudido – de pé – no refeitório por atletas de modalidades e países distintos.
Biondi naufragar no sonho das 7 douradas logo na sua primeira prova, mas se recuperar e fazer história. Kristin Otto puxando as alemãs bombadas com seus 6 ouros. Egerszegi iniciar aos 14 aninhos uma carreira incrível (com um estilo espetacular). Outro húngaro perdendo os 100m peito por UM mísero centésimo, o mesmo da vitória inédita de Nesty. Darnyi consagrando a Hungria no medley. Surgimento e desaparecimento do australiano Duncan Armstrong. As braçadas incansáveis de Janet Evans, única a furar o leste europeu.
Do lado brasileiro, certamente o recorde olímpico na estreia nos Jogos dos 50m livre de Mônica Rezende.
Ainda ver um Conan e Exterminador Shwarzenegger na arquibancada e muitos ídolos esportivos, nacionais e internacionais!
Ufa! Ah, nadei também. Nas eliminatórias bati o recorde Sul-americano de um dos ícones da natação brasileira, Ricardo Prado, e já estava feliz da vida com isso. Mas o quarteto feminino que iria disputar o revezamento logo depois lembrou que eu podia ter pego final – o que realmente aconteceu.
Nadei e fiquei em oitavo, ou último, como algum jornalista comentou, com dois centésimos de diferença da manhã. Isso quer dizer: era realmente a minha melhor prova que poderia fazer naquele momento. De quebra, deixei um espanhol que seria recordista mundial para trás…
Não interessa, estava muito feliz. Ainda nadei os 100m e o revezamento. Para completar, na volta parei na terra dos meus ancestrais e também no Havaí! Como esquecer estas coisas, mesmo 25 anos depois??
PS: este é um post para ex-nadadores (afinal os novos não sabem/conhecem nem metade do que escrevi aqui).
PS2: Foi colocado ao ar à meia noite e um… de Seul.
rcordani
Muito bom Rogério! companhei quase tudo isso aí também(mas pela TV). Também vi vocês treinando em João Pessoa, eu me lembro do Vlad jogando um jogo de cartas chamado “tem razão”.
Muito bom o seu resultado nos 200C. Mas o que aconteceu com o resto da delegação, já que (se bem me lembro) quase todos nadaram meio mal? Foi o fuso horário?
Grande abraço