Publicado em 31/07/2008, aqui
Faltando poucos dias para os Jogos Olímpicos de Pequim, um dos maiores nadadores brasileiros não fará parte da delegação do país desta vez. Rogério Aoki Romero, único nadador do Brasil a participar de cinco Olimpíadas ( façanha de apenas três atletas no mundo), neste ano acompanhará as competições apenas pela televisão. O londrinense, consagrado pela sua atuação nas piscinas, agora troca a sunga pelo terno e gravata como Secretário-Adjunto da Secretaria de Esporte e da Juventude de Minas Gerais, onde trabalha desde 2004.
Como fica o coração de quem já dedicou 30 anos à natação e foi finalista em tantas Olimpíadas? “Normal. Gosto de acompanhar os resultados dos brasileiros, ou mesmo outras conquistas fantásticas, mas tenho consciência de que este tempo para mim já passou”, responde Romero. O ex-nadador se diz feliz e satisfeito com os novos desafios à frente da Secretaria de Esporte, em Belo Horizonte. “Na verdade, estar conectado de alguma forma ao esporte é um alento”, ressalta.
Rogério Romero nasceu em Londrina e, até os 17 anos, se revezava entre Colégio Londrinense e a ACEL, onde dava os primeiros passos na natação. Pode-se dizer que ele é o precursor da geração composta pelos atletas Gustavo Borges, Fernando Sherer e Thiago Pereira. Grande nadador do estilo costas, com 34 anos participou de sua última Olimpíada (Atenas 2004) e surpreendeu a todos ao conquistar o índice e chegar à semifinal nos 200 metros costas. Hoje com 38 anos, Rogério avalia a importância desse período: “Tudo foi resultado de muito treinamento, aliado a uma experiência única, que levo para o resto de minha vida”.
De sua época de ouro, Romero agrega no currículo mais três medalhas em Pan-Americanos, várias conquistas na Copa do Mundo de natação além de, até pouco tempo, ser o dono do recorde brasileiro e sul-americano dos 200 metros costas, com o tempo de 1min59s23. O número só foi superado por Thiago Pereira ano passado, nos Jogos Pan-Americanos. Mas quem pensa que ele tem saudades desse período, se engana. “Nem das competições sinto falta. Os treinos eram muito desgastantes e monótonos. Era necessária muita força de vontade e objetivos para ter uma consistência no treinamento”, diz.
Rogério Romero transparece a satisfação com sua nova rotina em BH e diz ter a certeza que a natação já lhe rendeu muitos frutos. Segundo ele, com as 12 horas de trabalho não lhe sobra tempo para fugir do sedentarismo. “Quando animo, faço uma academia, mas nada muito rigoroso, apenas para tentar manter a forma (cada vez mais difícil), ou nadar (bem mais difícil ainda!) no Minas Tênis Clube”.
Tanta dedicação ao cargo na Secretaria de Esportes é, para Romero, “um desafio enorme e complexo, do tamanho de um Estado com 853 cidades”. O ex-atleta afirma que pensar em esporte não se resume a apoiar atletas e competições, mas sim estabelecer prioridades e investir na base: o esporte na escola. “Luto também pelo reconhecimento do esporte, seja para melhorar a saúde, seja pelo seu poder social”. Palavras de um pé-vermelho e veterano do esporte brasileiro.
Para saber mais:
www.rogerioromero.com.br
www.swim.com.br
Texto: Máxima Comunicação